Nos diversos sistemas de produção de leite que encontramos no país, a produção por animal ou de um rebanho está sujeita a uma série de fatores que interferem na produtividade. Esses fatores podem ser de ordem fisiológica ou ambiental. No contexto fisiológico, podemos citar a idade do animal; estádio e ordem de lactação; tamanho do animal; duração do período seco; gestação e complicações pós-parto. Outros fatores ainda podem ser considerados como grau de sangue do animal e composição genética. Os fatores de ordem ambiental envolvem estação ou mês de parição; freqüência e intervalo entre ordenhas; período de serviço; instalações e manejo nutricional e dietas dos animais.
Dentre os fatores fisiológicos descritos acima, o entendimento de estádio de lactação, representado pela curva de lactação de um animal, é de extrema importância, pois retrata, de maneira rápida e eficaz, a produção de cada animal, bem como a influência de fatores ambientais.
No quadro 1, apresentamos as curvas de lactação, determinando-se o pico de produção e persistência da lactação de três vacas (1ª: Vacas européias, 2ª: Primíparas européias, 3ª: Vacas zebuínas e/ou mestiças).
- 1ª fase – terço inicial da lactação – Inicia-se a produção de leite com o colostro (3 a 5 dias) e a secreção torna-se normal. O consumo de matéria seca (MS) é menor do que a exigência da vaca nesse período. Nesta fase ,ocorre o pico de produção (4ª a 8ª semana).
- 2ª fase – terço médio da lactação – Esta fase situa-se entre a 10ª a 20ª semana da lactação. Nota-se um aumento gradativo no consumo de MS, com pico entre 60 a 90 dias de lactação, para depois haver um decréscimo linear da produção a uma razão de 2,5% por semana ou 8 a 10% ao mês. Como a produção começa a cair, o consumo de alimento torna-se maior que as exigências do animal, ocasionando um aumento das reservas corporais.
- 3ª fase – terço final da lactação – Ocorre o decréscimo de produção até o encerramento da lactação. É a melhor fase para repor o peso e o escore corporal perdidos na fase inicial da lactação.
- 4ª fase – período seco – Não há produção de leite nessa fase e há uma queda acentuada no consumo de MS, devido ao crescimento fetal, diminuindo espaço interno para o rúmen.
A persistência mede a taxa de decréscimo da produção de leite, em litros por tempo, após o pico de produção por vaca. Analisando-se curvas de lactação, verificamos a tendência de aparecimento de curvas com menor persistência para vacas com elevadas produções no pico de lactação.”. Vacas de alta produção geralmente apresentam picos de produção tardios e alta persistência. Vacas primíparas apresentam menor pico de produção e uma persistência maior.
Outro fator importante para que você conheça seus animais é a ordem de lactação que é definida como o número de partos ocorridos (idade de parição) ou conforme o número de lactação em andamento. É interessante que as novilhas iniciem sua vida produtiva o mais cedo possível, mesmo que sua produção inicial seja menor, pois o animal terá vida útil maior e o intervalo entre gerações será menor fazendo com que sua produção na vida útil seja maior. O ideal é a primeira parição aos 24 meses de idade, sendo que a idade de 30 meses é considerada uma faixa adequada. Os animais mestiços tem a primeira parição entre 30 e 36 meses em função da estratégia alimentar na propriedade.
O tamanho e peso das vacas também são fatores que, juntamente com a idade dos animais,”, tem impacto direto com a produção de leite e e são dados importantes a serem considerados quando analisamos a curva de lactação de um animal. Devemos levar em consideração que vacas maiores possuem maiores capacidades digestiva, respiratória, circulatória e maiores quantidades de reservas corporais.
Curvas de lactação são influenciadas também por desordens e doenças no pós parto. Retenção de placenta, hipocalcemia, cetose e doenças metabólicas são alguns exemplos.
Tenha como rotina analisar as curvas de lactações de seus animais. O Ideagri permite que você visualize todas as curvas de lactação em um único gráfico possibilitando compará-las em momentos distintos da vida da vaca. Abaixo, veja como o Ideagri apresenta as curvas de lactação:
Fonte: Relatórios do Sistema de gestão IDEAGRI.
Pode-se também analisar as curvas separadamente. Esta análise é importante pois, casos de mastite e aplicações de BST informados ao sistemas podem ser visualizados juntamente com o dia da concepção. Veja abaixo exemplos da apresentação de curvas por lactação por animal.